"Batizada Flor Bela Lobo, fez-se Florbela Espanca por pura vontade, fazendo seu o nome do pai que só a legitimou dezoito anos após a sua morte.
Senhora de si, viveu com intensidade o caminho que o seu coração ditou, nunca permitindo que a convenção social a limitasse, nunca se reduzindo ao que da mulher era esperado no seu tempo.
Amou intensamente. Casou três vezes, divorciou-se duas, e permitiu-se ser Florbela. Sentiu o êxtase da sedução, o encanto que a promessa de um abraço desconhecido traz, e chorou o desgosto da desilusão. Nunca se escudou das emoções que a vida lhe trouxe e a todas abraçou inteiramente.
Fiel a si, sempre fiel ao Eu que cultivou, foi uma das primeiras mulheres a frequentar um curso liceal em Portugal, uma de catorze mulheres entre mais de trezentos alunos no curso de Direito que frequentou. Não eram o desconhecido, nem o não convencional que a detinham, nem tão-pouco a moviam. Era Florbela, de saia ou calças consoante o humor, com a sensação na pele que vertia em palavras sobre folhas incontáveis.
Chamam-lhe «uma das primeiras feministas de Portugal». Terá sido uma das mais destemidas mulheres do seu tempo. Insaciável, inconformada e sonhadora. Imersa numa névoa de desalento e dor, não deixou de procurar a felicidade, sempre transcrevendo nos seus versos o que a preenchia: amor, paixão, erotismo feminino, saudade, sofrimento, solidão, morte.
Nada do que viveu foi em vão, pois tantas mulheres lhe respiraram os escritos como tábua de salvação ao longo de quase um século. Hoje, como então, sentimos o que Florbela sentiu.
E assim se faz eterna."
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